Sabemos que o couro é utilizado por milhares de anos pela humanidade, e já se provou ser uma matéria prima nobre, resistente, durável e muito agradável ao toque. Mas você sabe de onde ele vem e como é produzido?
Em Janeiro de 2022, eu tive a oportunidade de conhecer alguns curtumes e uma escola de curtimento, e nesse artigo vim compartilhar com você o que eu aprendi e registrei nessa visita!
O couro nada mais é do que a pele de um animal que passou por processos para que o couro não apodreça e se torne uma matéria prima possível de ser trabalhada. Esse processo é o que chamamos de curtimento, e ele é feito em um curtume.
Antes de virar couro, a pele animal apresenta resquícios de sangue, carne, gordura, pelo e propriedades do animal que podem fazer com que a pele apodreça, dessa forma, essa ela deve ser conservada até passar pelos processos de curtimento.
Existem diversas formas de conservação e armazenamento nos curtumes, podendo ser pela imersão em sal, pré curtimento, entre outros.
Um dos primeiros estágios do curtimento se dá pela remoção dessas substâncias orgânicas, afim de preservar principalmente as fibras do couro e sua superfície.
Existem muitas formas de curtimento, podendo ou não manter os pelos, deixando mais ou menos espesso, mais ou menos maleável. Tudo vai depender da finalidade que o couro irá atender.
O principal fator desse processo de curtimento, é o agente curtente, ou seja, o agente químico que irá ser aplicado nas peles afim de torná-las propícias ao uso.
Os agentes curtentes mais utilizados na Indústria são os sais de Cromo e os Taninos Vegetais. Esses agentes são adicionados ao couro, junto com a água e outros químicos no fulão
Os fulões são tonéis de madeira ou polipropileno, com eixos e motores que permitem sua rotação. Seu interior possui garras que possibilitam a movimentação do material em seu interior, para permitir o contato da pele com os agentes curtentes.
Todo esse processo é mecanizado e automatizado, com períodos de rotação programados de acordo com a necessidade do tempo de curtimento.
Após esse processo, o fulão é aberto, liberando o couro já curtido e ainda molhado, pronto para os próximos processos de seu preparo.
O processo de secagem desse couro pode ser feito pelos aéreos ou em locais específicos com ventilação e temperatura controlada.
Existem ainda outros processos como recurtimento, divisão para definir espessura, prensagem para compactar as fibras, batimento ou estampagem para definir a textura, entre outros. Esses processos exigem maquinários específicos
A cor, toque e texturas são os fatores mais importantes conferidos ao couro. São esses fatores que definem a qualidade e usabilidade da matéria prima.
Existem laboratórios dentro dos curtumes para estudar os processos e fazer experimentações com variações de acabamentos e analisar a eficiência deles.
Nesses laboratórios, os couros são submetidos a testes de resistência mecânica, de fricção, aderência do acabamento, elasticidade, reação à luz, entre outros.
Nesse estágio são aplicados resinas, ceras, pigmentos, óleos e coberturas ao couro, afim de garantir as características desejadas do produto final, assim entregando a matéria prima pronta para ser usada para a confecção dos artigos.
Sustentabilidade
Para a produção do couro, o curtume deve obedecer à uma série de diretrizes estipuladas por órgãos ambientais competentes, afim de garantir um processo limpo e sustentável. (saiba mais em: https://www.leatherworkinggroup.com/ )
Para isso, é necessário um gerenciamento dos resíduos e o tratamento da água utilizada nos processos que são fiscalizados frequentemente através de vistorias.
Isso demanda toda uma estrutura dentro do curtume para captar, armazenar e tratar a água utilizada, bem como laboratórios químicos para controlar e identificar a melhor forma para separar as impurezas presentes na água.
E como toda indústria, é necessário um controle e gerenciamento dos resíduos de toda a produção, com a devida separação e destinação de todos os resíduos produzidos com os processos.
Além dos resíduos de produção, existem os resíduos do próprio couro, como recortes e retalhos que são retirados no processo. Esses devem ser armazenados e encaminhados para outros fins, dentre eles a trituração para utilização como adubo ou para produção de recouro.
Referências:
Escola técnica de curtimento do SENAI RS
Curtume MATS
Curtume Krumenauer
Curtume AP Mueler
Leather Working Group
Esse artigo foi muito interessante!